O Facebook, o Google+ e as Estratégias Evolutivamente Estáveis

Eu acompanho há um bom tempo as aventuras do Comandante Chris Hadfield. Comecei vendo seus vídeos no Youtube, em seguida segui-o no Tumblr e no Facebook. Concordo com o que li em uma matéria num jornal: o Comandante Hadfield foi o astronauta que fez as pessoas comuns voltarem a se interessar e a se encantar com o espaço. Até que, um belo dia, loguei no Google+ para eu e minha mulher acompanharmos um hangout que o Comandante e os outros dois astronautas da ISS fariam, diretamente do espaço. Continuar lendo

Cortem as cabeças!

“Alice no país das maravilhas” acabou sendo o primeiro longa metragem em 3D que eu vi. Não sei ao certo o que dizer sobre a projeção 3D: com bem pouco tempo de filme, eu já não percebia mais que se tratava de uma projeção em três dimensões, pois estava mais ocupado em curtir a história e o filme em si. É mais ou menos o que o meu sistema nervoso faz em uma projeção tradicional: ele assume que o cenário está em três dimensões, do mesmo modo que ele assume a veracidade da narrativa. Ou seja, em minha humilde e tresloucada opinião, tanto faz o filme ser projetado de forma tradicional ou em 3D, o que é uma informação valiosa para a economia de alguns trocadinhos futuros. Continuar lendo

O dilema do prisioneiro e a crítica ao reducionismo

Tive um professor de filosofia que, em suas aulas, reiterava sempre que não compreendia os alunos que diziam detestar química. “O que eles querem dizer com isso, que detestam seus próprios corpos? Que detestam a roupa que vestem, a cadeira em que sentam, o mundo em que vivem?”. O que o professor estava fazendo era chamar nossa atenção para a importância do discurso: não gostar de estudar química é uma coisa; dizer que “detesta a química” é dizer que detesta os hádrons e os léptons, os bósons e os férmions — ou seja, o mundo inteiro. É importante tomar cuidado com o discurso, pois num piscar de olhos estamos fazendo um elogio à ignorância, quando dizemos coisas como “detesto química”. Bem melhor seria dizer que a química enquanto ciência é importante, que respeita quem a estuda, mas que “não é minha praia”. É bem mais bonito e elegante; além disso, se nós fomos obrigados a estudar disciplinas com as quais não nos identificamos, é culpa de nossos professores e pedagogos, e não da disciplina em si… Eu, por exemplo, respeito bastante o trabalho dos engenheiros; adoro assistir programas como “megaconstruções”, “o segredo das coisas” ou “obras incríveis”, no National Geographic e no Discovery. Contudo, jamais poderia ser engenheiro ou físico, pois não tenho quase nenhuma habilidade matemática… Já se vão quase vinte anos que fiz cálculo I, e para mim, hoje em dia, integral é um leite que não foi desnatado. Assim sendo, admiro quem utiliza desenvoltamente a matemática, pois “não é minha praia”. Continuar lendo

O que eu entendo por tendência evolutiva

O subtítulo desse blog é “por que, em se tratando de evolução, não há destino nem retorno”. Para quem não sabe, o final dessa frase (no foresight, no way back) é de um biólogo britânico chamado Maynard-Smith. Acho que é hora de comentarmos um pouco mais detalhadamente o que isso quer dizer, pois trata-se de uma introdução essencial para o assunto deste post: a evolução não é teleológica, ou seja, as mudanças evolutivas não ocorrem visando um fim último, um destino predeterminado por qualquer força que seja; ela simplesmente ocorre – ou nem isso: a mudança em si não é uma necessidade natural, ou seja, uma população pode se manter por um tempo ilimitado sem mudanças evolutivas. A evolução ocorre, se dá; não é, contudo, uma necessidade. Continuar lendo